É sempre nesta altura do ano que pensamos… foda-se este ano passou a correr.
É a altura do ano em que recebemos o subsídio de natal, que por acaso nunca chega para tudo o que queríamos.
É a altura do ano em que pensamos sempre se devemos dar presentes àqueles que já sabemos previamente que não nos vão dar nada.
É a altura do ano em que temos de gramar com o Sozinho em Casa, outra vez.
É a altura do ano em que se celebra o nascimento de Jesus Cristo, mas no entanto é na Páscoa que se fala mais nele. (Celebra-se a sua morte e posterior renascimento).
É a altura do ano em que temos de gramar com porra do bacalhau como se fosse tradição. (E é, mas só em Portugal).
É a altura do ano em que as publicidades na televisão ultrapassam largamente os 30 minutos a referir produtos infantis, perfumes, etc. (Há… e qual o supermercado que tem o bacalhau mais barato).
É a altura do ano em que a Coca-Cola sai-se com mais uma publicidade a aproveitar-se do facto do pai natal se vestir de vermelho.
É a altura do ano em que mais uma vez a TVI faz a cobertura “daquela” pastelaria que fez o maior bolo-rei do mundo. (E que mais uma vez foi para o guiness).
É a altura do ano em que o guiness está na moda, seja pelo maior bolo-rei, pela maior árvore de natal ou pela maior concentração de pais-natal.
É a altura do ano em que mais gente morre nas estradas portuguesas. (Ou pelo menos é mais noticiado).
É a altura do ano em que levamos com o Natal dos Hospitais da RTP e com um programa igualzinho da TVI que por acaso muda de nome todos os anos.
É a altura do ano em que estamos sempre na expectativa se o jantar da consoada será bacalhau á lagareiro, línguas de bacalhau, caras, cozido, com natas, etc.
É a altura do ano em que se sonha ainda mais com o prémio do euro-milhões e qual a utilidade que lhe daríamos se nos calhasse.
É a altura do ano em que mais elementos da nossa família se reúnem. (E depois pensamos sempre se valeu a pena).
É a altura do ano em que pensamos no seu fim e tiramos conclusões se foi bom ou não.
É a altura do ano em que o nosso grupo de amigos se põe a pensar na festa de fim de ano, como será? Onde? Quem? (mas é sempre á ultima da hora que as coisas se resolvem).
É a altura do ano em que o Papa fala ao mundo em geral e apela á paz devido á celebração do nascimento nosso salvador. (Na Páscoa também apela á paz, mas o motivo é mais controverso).
É a altura do ano em que os cristãos se podem gabar perante as outras religiões, porque recebemos presentes e eles não.
É a altura do ano em que penso… “Um ateu ou um agnóstico sentem-se bem em celebrar o natal”?
É a altura do ano em que nós todos devemos desejar o fim da fome, da guerra, da exploração, da xenofobia, do racismo, da pobreza estrema, da violação dos direitos humanos em geral, da violação dos direitos dos animais, o fim da poluição, porque não o fim do Bush e de outros Bushs espalhados por esse mundo, o fim da estupidez, o fim das doenças, enfim tudo aquilo que uma miss mundo poderia desejar, só que com paixão.
E já agora…
É a altura do ano em que eu desejava que não passassem tantas notícias sobre o consumo do bacalhau no país, sobre a possível extinção do bacalhau, sobre o facto de sermos o maior consumidor deste peixe no mundo, a relação de preços do bacalhau deste ano comparado ao do ano passado, as receitas de bacalhau nas revistas e jornais, enfim.
Ps: eu adoro bacalhau, que fique bem esclarecido. De todas as maneiras possíveis, zé do pipo, com natas, cozido, á lagareiro, espiritual, línguas, caras, pastéis de bacalhau, punheta de bacalhau, etc.
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